É preciso que o leitor entenda bem. Quando o Criador criou os anjos, apenas dois Princípios estavam manifestados no ser, ou seja, a existência no fogo e na luz, quer dizer, primeiro envolvendo a essencialidade ígnea no Fiat severo e amargo, com as formas da natureza ígnea; em segundo lugar, envolvendo a essencialidade celeste do santo poder com as fontes-aquosas da brandura da vida de satisfação, na qual, como no amor e na brandura, o divino súlfur foi gerado, seu Fiat foi a vontade desejosa do Criador.
Desta Essência divina, assim como da Natureza do Criador, os anjos foram criados como criaturas. O espírito dos anjos, ou fonte de vida, continua no fogo; pois sem fogo não existe espírito algum. Maspassam do fogo para a luz, onde recebem a fonte do amor. O fogo foi apenas a causa de suas vidas; mas a ferocidade do fogo foi extinta pelo amor, na luz.
Lucifer desprezou isso e permaneceu um espírito de fogo. Assim, ele se elevou e acendeu a essencialidade em seu locus, de onde a terra e as pedras foram produzidas; ele foi banido. Começa aqui a terceira corporalidade e o terceiro Princípio, juntamente com o reino deste mundo.
Como o demônio foi banido do terceiro Princípio para as trevas, o Criador criou uma outra imagem à Sua semelhança para esta região. Mas se esta imagem deveria ser a imagem de Deus, segundo todos os três Princípios, tinha que ser tirada de todos os três, e de cada entidade desta região, assim como o Fiat tinha, na criação, se manifestado no éter, em conexão com o trono principesco de Lúcifer. Pois ohomem ocupou o lugar de Lúcifer; desde então, a grande inveja dos demônios não atribui ao homem esta honra, mas o tem guiado continuamente pelo caminho corrupto e demoníaco, a fim de poderem aumentar seu reino. Fazem isso em rebeldia à brandura ou ao amor de Deus. Além do mais, acreditam, por viverem na ferocidade do forte poder, serem maiores do que o Espírito do Criador, que consiste de amor e brandura.
Assim, a Vontade-Espírito do Criador ou o santo Espírito dispôs o Fiat duplo em dois princípios, ou seja, o interno no mundo angélico e o externo neste mundo, criando o homem (Mesch ou Mensch) como uma pessoa mista. Pois deveria ser uma imagem do mundo interior e exterior, devendo reinar pela qualidade interior sobre a qualidade exterior: desta forma ele seria a semelhança de Deus; pois a natureza exterior estava suspensa na natureza interior. O paraíso florescia através da terra e o homem estava neste mundo, na terra, no Paraíso. O fruto paradisíaco crescia para ele até a queda. Quando o Senhor amaldiçoou a terra, o Paraíso passou para o mistério, tornando-se para o homem um mistério ou segredo; contudo, se o homem nascer de novo do Criador, habitará pelo homem interior, no Paraíso, mas pelo homem exterior, neste mundo.
Iremos mais além no que se refere à origem do homem. O Criador criou seu corpo da matriz da terra, de onde a terra foi criada. Tudo encontrava-se misturado, e ainda assim dividido em três Princípios coexistentes com os três tipos de essências, no entanto aquela da cólera feroz não era conhecida. Se Adão tivesse permanecido na inocência, teria vivido o tempo todo deste mundo em dois Princípios unicamente, e teria reinado por um sobre todos; o reino da cólera feroz nunca teria sido manifestado ou conhecido, embora este reino estivesse dentro dele.
O corpo de Adão foi criado pelo Fiat interno, a partir do elemento interior, onde permanece o firmamento interno e o céu com as essências celestes; foi criado também, pelo Fiat externo, a partir dos quatro elementos da natureza externa e das estrelas. Pois, na matriz da terra o Fiat interno e externo encontravam-se misturados. O paraíso estava lá, e o corpo foi criado mais que nada para o Paraíso. Ele possuía a essencialidade terrestre e divina em si; mas a terrestre encontrava-se como que absorvida na essencialidade divina ou desprovida de poder. A substância ou matéria da qual o corpo foi feito ou criado era uma massa, ou uma água e um fogo, com as essências dos dois Princípios; embora o primeiro também estivesse contido nele, não estava ativo. Cada Princípio deveria permanecer em seu lugar, sem se misturar com os outros, como ocorre do Criador: desta forma, o homem seria uma completa semelhança do ser do Criador.

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